23/01/17 - Futuro da produção orgânica é visto com otimismo no Brasil

A produção de alimentos orgânicos tem tudo para render ótimos resultados em 2017. Um levantamento feito pela Coordenação de Agroecologia (Coagre) da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo (SDC), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), mostrou que a área de produção orgânica no país pode ultrapassar os 750 mil hectares registrados no ano passado e esse crescimento será impulsionado, principalmente, pela agricultura familiar. Ainda segundo a Coagre, em 2013 as unidades de produção orgânica somavam 6.700 unidades e, em apenas três anos, esse número aumentou para 15.700 (2016).

Entre as regiões que mais produzem alimentos orgânicos, o Sudeste ocupa a primeira posição com um total de 333 mil hectares e 2.729 registros de produtores no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos (CNPO).

Ranking das regiões que mais produzem alimentos orgânicos no Brasil
  1. Sudeste:  333 mil hectares
  2. Norte: 158 mil hectares
  3. Nordeste: 118,4 mil hectares
  4. Centro-Oeste: 101,8 mil hectares
  5. Sul: 37,6 mil hectares

Cerca de 75% dos produtores cadastrados no CNPO são agricultores familiares.

“Interessante notar que o número de unidades de produção é cada vez maior e está se espalhando por quase todas as regiões do Brasil, o que indica que os agricultores familiares reconhecem na agroecologia e na produção orgânica uma maneira de comercializar alimentos, com valor agregado, e que, ao mesmo tempo, são produzidos sem o uso de insumos agroquímicos constituindo uma opção mais segura para o agricultor, para o consumidor e para o meio ambiente.”

Sylvia Wachsner – Coordenadora do Centro de Inteligência em Orgânicos (CI Orgânicos) da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA)

Planapo

Em 2012, o governo brasileiro lançou a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Pnapo), o que constituiu um importante passo para a ampliação e efetivação de ações de promoção do desenvolvimento rural sustentável. Um dos principais instrumentos da política é o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo), conhecido sob a denominação de Brasil Agroecológico.

O Planapo, responsável pelo incremento do número de agricultores familiares voltados para a produção orgânica, tem como objetivo fortalecer a produção agrícola de base agropecuária e orgânica, além de ampliar a oferta e o consumo de alimentos saudáveis, apoiar o uso sustentável dos recursos naturais e disseminar o conhecimento em agroecologia, promovendo assim a melhoria da qualidade de vida da população brasileira do campo e das cidades.

“O primeiro Planapo, de 2013 a 2015, contribuiu para o crescimento da produção de orgânicos. No segundo, que vai até 2019, pelo menos mais de oito mil agricultores familiares devem se cadastrar por meio de projetos apoiados pela Sead (Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário)”.

Suiá Kafure da Rocha – Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental.

O primeiro Planapo, finalizado em 2015, beneficiou 678.449 agricultores familiares, produtores orgânicos, povos indígenas, povos e comunidades tradicionais, técnicos e extensionistas. Em 2016, o Planapo iniciou um novo ciclo que vai até 2019.

Segundo Suiá Kafure da Rocha, especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, quem coordena o Planapo, no qual participam outras 14 instituições públicas federais, é a Sead (Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário). “Neste momento, estamos desenvolvendo o portal ‘agroecologia.gov’ que vai envolver todos os atores do plano e teremos mais informações disponibilizadas sobre as políticas públicas de agroecologia”, explica Suiá.

Sobre o Planapo:

O Planapo 2016-2019 está organizado em seis eixos estratégicos: produção, uso e conservação de recursos naturais, conhecimento, comercialização e consumo, terra e território e sociobiodiversidade.

Diretrizes:

  • Promover a soberania e segurança alimentar e nutricional e do direito humano à alimentação adequada e saudável;
  • Promover o uso sustentável dos recursos naturais;
  • Promover a conservação e recomposição dos ecossistemas naturais, por meio de sistemas de produção agrícola e de extrativismo florestal baseados em recursos renováveis;
  • Promover sistemas justos e sustentáveis de produção, distribuição e consumo de alimentos, que aperfeiçoem as funções econômica, social e ambiental da agricultura e do extrativismo florestal;
  • Valorizar a agrobiodiversidade e os produtos da sociobiodiversidade;
  • Ampliar a participação da juventude rural na produção orgânica e de base agroecológica.

Metas e iniciativas:

  • Fortalecer as redes de produção de base agroecológica e orgânica;
  • Aumentar a oferta de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), com foco em práticas agroecológicas;
  • Ampliar o acesso à água e a sementes;
  • Fortalecer as compras governamentais de produtos;
  • Ampliar o acesso dos consumidores a alimentos saudáveis, sem uso de agrotóxicos ou transgênicos na produção agrícola, fortalecendo assim, economicamente as famílias agricultoras;
  • Ampliar o acesso à terra e aos territórios, como forma de promover o etnodesenvolvimento dos povos e comunidades tradicionais, povos indígenas e assentados da reforma agrária;
  • Apoiar a produção, beneficiamento, armazenamento, distribuição e comercialização dos produtos da sociobiodiversidade e a ampliação de sua visibilidade e consumo.


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